sexta-feira, 14 de abril de 2023

Resenha Onde as borboletas não habitam

Livro
Onde as borboletas não habitam
Luciane Bonace
Aletria Editora
2022, 1ª edição
188 páginas
       

 
Bedřich, Dora e Helena.

O livro começa nos apresentando estes 3 personagens, crianças de 11 anos, suas famílias, suas vidas em Praga em 1939.... e como tudo isso mudou.

... Mudou???... 
Enquantou eu lia, pensava nos tempos de pandemia em que ficamos isolados em nossas casas e a reclamação de "todo mundo" era porquê as vidas tinham mudado e queriam que voltasse a ser como era antes.


As 3 crianças do livro, viram suas vidas mudar .... Não, mudar não. Serem transformadas em algo terrível, inacreditável até para histórias de livros.

Mas esta é uma história baseada em fatos reais da história mundial, por isso é tão absurdo e difícil de acreditar.


As três crianças e outras tantas pessoas, por serem judeus, foram feitos prisioneiros dos nazistas em um campo de concentração em Terezín (Theresienstadt), na então Tchecoslováquia.
    

A autora narra o dia-a-dia de sofrimento, fome, dor e incerteza do futuro, com relatos das crianças... conseguidos a partir de + de 6 mil desenhos e poemas, fotos e informações históricas, encontrados após o final da Segunda Guerra Mundial.

Eles mostram como crianças e adolescentes enfrentaram este cruel período com arte: Praga era um local onde existiam muitas pessoas estudadas e ricas em cultura e arte, como professores, músicos, poetas, e artistas em geral. Bem como médicos, enfermeiros, psicólogos e tantos outros profissionais que estavam na mesma situação: prisioneiros.

E trabalhando no campo de concentração, apesar da imundície e sofrimento... vão oferecer às crianças um mínimo de entretenimento menos doloroso e mais colorido: a arte.


Desenhavam, pintavam, escreviam poemas, cantavam e produziam peças de teatro.
Mantinham-se ocupados e com esperança que as coisas pudessem voltar a ser como antes com amizade com as outras crianças e o carinho dos professores e dos cuidadores.



Impossível não ser tocado, não se emocionar.... a narrativa é sensível!

"Estávamos quase mortos de fome, doentes, e desenhavamos mesmo nessas condições". 

"Estávamos presos, mas éramos livres". 

"Querem nos transformar em lagartas, enclausurados nos quartos e dentro de nós mesmos, mas não percebem que estamos nos transformando em borboletas, desabrochando para a vida, criando asas. As atividades artísticas e os laços de amizade que estamos construindo nos fazem voar para além dos muros".

"(...) um vagalume. É tão pequeno e ao mesmo tempo tão brilhante. Uma maravilha da natureza, um milagre. Não deixou de brilhar mesmo com os transportes e com nossa tristeza. Mesmo sendo tão pequeno e frágil, o vagalume está vivo e pode emanar sua luz por onde passar".

A arte. Ela persistiu. Ela ensina a persistir.

E assim seguiram por 4 anos... ao mesmo tempo em que muitos morriam por falta de tratos, doenças, fome e /ou encaminhados para outros locais com câmaras de gás...


Por todo o livro tem fotos dos desenhos das crianças que a autora acompanhou em uma exposição.
E poemas também.


Livro maravilhoso. 
Amei.






Para comprar o livro



              

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