quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

Resenha Meu Tio

Livro
Meu Tio
Jean-Claude Carrière
Ilustrações Pierre Étaix
tradução Paulo Werneck
Sesi SP Editora
2019
176 páginas


       Poderia ser um livro de memórias. 
Sim. 
E isso é o mais legal! 

Marquei várias frases incríveis de como o narrador, o menino Gérard, agora já adulto, se lembra de sua infância. 

É muito triste pensar na infância como algo que perdemos e que poderia ter sido vivido melhor ou de outra maneira. Assim, desde que Lara nasceu (hoje com 11) procuramos (papai e eu) criar e fazer coisas simples mas de grande significado para ela. Esperamos ter feito certo né?!


No livro, vemos isso acontecer na família, e também longe de casa.

 Eu explico. 

O pai de Gérard, o sr. Charles Arpel é dono de uma fábrica de plástico, que o tornou rico, moram numa casa mega futurista, criada por ele mesmo, onde tudo praticamente funciona sozinho. 


A mãe de Gérard, tem na casa o seu xodó, ama mostrar para as visitas e cuida com exagero da limpeza, nem a empregada pode mexer! 

"Tenho horror de coisas espalhadas. As roupas dele estão no guarda-roupas, os livros na gaveta, os brinquedos no armário". (Pág. 39)

E Gérard, bem, é uma criança que tem tudo, mas que não pode tocar em nada, não pode se sujar, nem espalhar seus brinquedos no chão para brincar...

"Eu passava o final da manhã no jardim... Não chutar a bola nas paredes, não correr no cascalho para não escorregar, não desenhar no chão... Eu mal tinha o direito de molhar a mão na água". (Pág. 49) 


Mas..... felizmente, ele tem um tio, o Sr.  Hulot, irmão da mãe, que mora numa casa "simples", num bairro mais "simples", e onde Gérard passa suas tardes após a escola. 

"Eu tinha as minhas alegrias secretas. Quando ele ia me buscar na saída da escola, eu dava a mão e me deixava levar". (pág.31)

Sensacional! 

Ele brinca na praça com outros meninos, vai à feira, apronta algumas e o tio, bem, o tio é uma criança grande, que vive suas próprias confusões também.

Acontece que em determinado momento, um dia o tio e Gérard chegam tarde em casa, Gérard todo sujo mas muito feliz por terem se divertido muito, e o pai começa a achar que o tio não é boa influência para Gérard.

"O riso era o que mais faltava nos meus pais". (Pág. 42)

O pai acha que fez o melhor para o filho, oferece-lhe uma casa incrível e "paga" uma escola ótima...

"À sua maneira, eles achavam que estavam me fazendo feliz. Eu tinha todas as facilidades desejáveis: uma escrivaninha envernizada, um porta-canetas de primeira, brinquedos automáticos que não precisavam de mim para funcionar. Era só colocá-los para funcionar e eles desfilavam na minha frente. Eu não tinha função nenhuma. Meus brinquedos se divertiam sozinhos". (Pág. 6)

Mas ... ah! 

Você vai ter que ler, não vou dar spoilers, rs.


São 11 capítulos. Uma leitura divertida com humor e frases marcantes sobre as lembranças da vivência de uma infância... feliz 




O livro foi baseado num filme (... oi?! Normalmente não é ao contrário?) de mesmo nome, lançado em 1958.

As ilustrações primeiro foram cenário para o filme. 


Legal né? 

Estou curiosa para ver o filme.









Para comprar:

   

                       


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